terça-feira, 29 de junho de 2010

Sobre a natureza dos rios

Experimente boiar na corrente da vida, sem medo ou hesitação.
Então, hoje o lago me pareceu um rio e me lembrou as águas daquele dia. Estavam furiosas ou, antes, no seu ritmo normal, o ritmo natural da vida que não é uma vida amortecida, morta a cada dia.
Então, entrando naquelas águas eu senti aquele vigor, aquela quase fúria, aquele ritmo, aquela vida. E não me arrependi. Nem mesmo quando me machuquei - eu me machuquei por ir contra tudo isso.
Se deixar levar é, às vezes, o que deve ser feito. Não lutar, não resistir, não tentar controlar, não se iludir. Nesse rio, podemos, certas vezes, ter autonomia e agir, ajudar a corrente que se forma e que empurrará o barco, certamente. Nosso movimento é pouco perto daquela força, mas ele pode ajudar o barco a sair mais rápido daquele ponto morto do rio.
Entretanto, nos momentos em que mais aprendi, eu estava inútil diante do rio e de seu poderio sobre mim, sobre todos. Quem tentava acelerar, se cansava, quem ficava parado, prosperava. Pois na observação dos pequenos movimentos que formam um grande, estávamos todos lá dependentes, sem ação. E observar aqueles mínimos movimentos era tudo, naquele momento.
Penso em quão inúteis somos diante da vida, nesses momentos em que deveríamos saber esperar o movimento grande que se forma. Nós poderíamos ajudá-lo permanecendo calados e centrados, somente prestando atenção. Mas, muitas vezes, nos desesperamos, nos perdemos em ansiedades e, com isso, viramos o barco. Podemos nos machucar seriamente, pois o rio nunca pára. As águas continuam vindo, mesmo estando vc preso entre pedras e se ralando todo. O melhor é estar no barco e esperar o movimento do rio.